Nos dias de hoje, o professor não é
apenas aquele que transmite conhecimentos, mas, sobretudo, aquele que subsidia
o aluno no processo de construção do saber. Para tanto, é imprescindível ser um
profissional que domine não apenas o conteúdo de seu campo específico, mas
também a metodologia e a didáctica eficiente na missão de organizar o acesso ao
saber dos alunos. E não apenas o saber de determinadas matérias, mas o saber da
e para a vida; o saber ser gente com ética, dignidade, valorizando a vida, o
meio ambiente, a cultura. Muito mais que transmitir conteúdos das matérias
curriculares, organizadas e programadas para o desenvolvimento intelectual do
sujeito, é preciso ensinar a ser cidadão, mostrar aos alunos seus direitos e
seus deveres, subsidiando-os para que saibam defendê-los. É preciso mostrar que
existem deveres e que as responsabilidades sociais devem ser cumpridas por cada
um para que todos vivam com dignidade. Assim, é importante que o professor trabalhe valores,
fazendo seu aluno perceber o
outro; perceber quem está ao seu redor, formando alunos que saibam a
importância de respeitar, ouvir, ajudar e amar o próximo.
Teles conclui que,
Ensinar
implica humildade. Nenhum de nós é uma enciclopédia e detém todo o saber. Mesmo
em nossa área, nosso conhecimento, por mais estudiosos que sejamos nunca pode
ser completo. Assim esta posição de donos do saber é simplesmente ridícula.
Somos eternos aprendizes em tudo e é preciso que os
alunos
também aprendam esta verdade. (2004:40, 41).
O educador deve sempre questionar o
seu saber, pois este é sempre uma busca e não uma posse.
Para o autor Paulo Freire (1993 p,71),
cabe ao professor observar a si próprio; olhar para o mundo, olhar para si e
sugerir que os alunos façam o mesmo e não apenas ensinar regras, teorias e
cálculos. O professor deve ser um mediador de conhecimentos, utilizando sua
situação privilegiada em sala de aula não apenas para instruções formais, mas
para despertar os alunos para a curiosidade; ensiná-los a pensar, a ser
persistentes a ter empatia e ser autores e não espectadores no palco da
existência. O aluno tem que ter interesse em voltar à escola no dia seguinte
reconhecendo que aquele momento é mágico
para sua vida.
Sem dúvida o docente de hoje
desempenha inúmeros papéis que são importantíssimos para o desenvolvimento das
futuras gerações. Deve, portanto, encarar com muita seriedade sua profissão,
trabalhar para esclarecer seus alunos e fazer com que eles reflictam sobre a
realidade em que vivem. Como profissional em movimento o professor está em
constante busca do saber, aperfeiçoando-se, qualificando-se para exercer de maneira
cada vez melhor a profissão docente. O docente pode trazer situações de mundo
para a sala de aula e explorá-las, enriquecê-las paralelamente com a matéria.
Pode trabalhar questões difíceis de forma divertida, trocar experiências,
trazer a família para dentro da escola, criar vínculos com a família mostrando
que todos fazem parte de uma mesma sociedade, considerar a vivência do aluno,
seu dia-a-dia, suas questões familiares, seu emprego, seu lazer. O professor
deve acreditar que todos têm capacidade de aprender, cada um no seu próprio
ritmo. O educador dispõe da oportunidade de mudar, disciplinar, criar,
reconstruir, enriquecer a vida de seres humanos. Para tanto precisa superar sua
onipotência, sua concepção de dono do saber, de quem se esconde atrás de
avaliações dificílimas e se compraz a reprovar o aluno. Há que ter bem claro
que se quisermos um adulto mais humano e consciente no futuro precisamos
investir na formação da criança dos dias de hoje que chega na escola para
possibilitar ao ensinante o desenvolvimento de um trabalho de construção do
saber. Quando Paulo Freire (1996:77), diz: me movo como educador, porque
primeiro me movo como gente. Acreditamos que o professor pode levar
os educandos a terem curiosidade de querer fazer e aprender, e que ainda está
em tempo de desprendermos do tradicionalismo arcaico os quais muitos ainda
vivem e praticam. Assim podemos afirmar que,
Os
alunos não precisam de guias espirituais, nem de catequizadores. Eles se
constroem encontrando pessoas confiáveis, que não se limitam a dar aulas, mas
que se apresentam como seres humanos complexos e como atores sociais que
encarnam interesses, paixões, dúvidas, falhas, contradições (...) atores que se
debatem como todo mundo, com o sentido da vida e com as vicissitudes da condição humana. (Perrenoud, 2005:139).
Diante do exposto, a expectativa que
se tem do papel do professor é a de que ele intervenha de forma activa junto ao
corpo discente e consiga atingir a autoridade com autonomia e participação
consciente e responsável em
sala de aula. Sua função hoje mudou de paradigma, não é mais aquele que dá
aulas, mas, aquele capaz de assumir, face às exigências da vida, tarefas
diferentes daquelas que tradicionalmente lhes eram atribuídas: transmitir o
saber historicamente acumulado na sociedade. Essas questões nos levam a indagar
novamente até que ponto a formação desse novo professor estará sendo trabalhada
para além de ministrar aulas. O professor, assumindo-se como cidadão, tendo
consciência da sua cidadania e dos pressupostos teóricos que fundamentam sua
prática pedagógica, com certeza, irá colaborar na formação de seus alunos.
Segundo Paulo Freire,
O
bom educador é o que consegue enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do
movimento do seu pensamento. Sua aula é assim, um desafio e não uma cantiga de
ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e
vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas
incertezas. (1996:96).
Ainda segundo o autor o educador
autoritário, licencioso, sério, incompetente, irresponsável, mal-amado, sempre
com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles
passa pelos alunos sem deixar sua marca.
A responsabilidade e o respeito pelos sentimentos do
outro é um dos aspectos
mais importantes na relação professor/aluno, pois, futuramente, irá se tornar
responsabilidade social para a cidadania. Freire (1993:54), afirma que, sem
intervenção democrática do professor não há educação progressista.
Sabemos que não é fácil essa intervenção,
mas tudo isso constitui uma grande luta de transformação profunda da sociedade
brasileira. Os educadores progressistas precisam convencer-se de que não são
puros ensinantes, puros especialistas da docência. O autor conclui ainda: Que o
saber tem tudo a ver com o crescer, tem. Mas é preciso, absolutamente
preciso, que o saber de minorias dominantes não proíba, não
asfixie, não castre o crescer das imensas maioria dominadas. (1993: 127).
Concluímos que a questão fundamental
diante de uma educação de qualidade é que devemos estar bastante lúcidos e cada
vez mais competentes naquilo em que estivermos dispostos a realizar que é a
capacidade de ensinar. Partindo de uma postura de tomada de consciência do
progresso educacional podemos observar que a lei 9394/96 de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional promulgada em 20 de dezembro de 1996, traz bem explicitas,
em seus artigos: 12, 13, 14 e 15 as
normas a serem seguidas na legislação de uma escola democrática, que mostrará a
importância da autonomia escolar alternativa
sem se desligar de seu caráter público(...). Um dos pontos altos da LDB é o
reconhecimento da importância dos valores na educação escolar (p, 36).
Freire afirma que, a escola
democrática de que precisamos não é aquela em que só o professor ensina em que
só o aluno aprende e o diretor é o mandante poderoso.(1993, 100).
É nesse sentido que a escola deve
organizar-se democraticamente com objectivos transformadores e articulados com
os interesses dos grupos.
Segundo Içami Tiba (1998:02), o saber
consiste em ensinar e aprender. E ninguém pode estimular ninguém, a saber, se
não o pratica. Pois o saber não é só acúmulo de informações, mas um conjunto
de capacidades adquiridas e desenvolvidas na escola que tornam o jovem apto a
enfrentar os desafios da vida profissional.
http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/afetividade-e-aprendizagem-relacao-professor-e-aluno/44105
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