O diálogo como facilitador do desenvolvimento cognitivo


Buber (2006) atribui como uma lógica ou semântica da linguagem, o que faria da palavra um simples dado, o sentido da portadora de ser, sendo através da palavra a introdução do homem na existência. O diálogo, o saber ouvir, tem-se mostrado um elemento facilitador no aprendizado.
Quando se houve um aluno, aplica-se a teoria reflexiva, um processo de conscientização que desenvolve a partir do momento em que as pessoas e seus grupos discutem e passam a enfrentar seus problemas comuns, libertando-se do desgastante convívio, quando não existe o diálogo na sala de aula.
De acordo com Buber (2006), a falta de diálogo é um factor que contribui para a falta de estímulo. Quando um aluno é ouvido, se dá a troca de informações entre professor – aluno, demonstrando reciprocidade e aprendizado. Para o autor, a analogia dialógica e dialéctica, se fazem presente no processo do aprendizado, na dialéctica no sentido de estarmos sempre em contacto com o outro na dinâmica de aprender. Na dialógica, não somente configurada na relação eu/tu, ensinante, aprendente, mas principalmente no exercício do diálogo, na troca de experiências.
O aluno que consegue dialogar no momento de suas dúvidas passa a confiar mais no seu desempenho e no seu educador. Muitos profissionais de forma consciente e inconsciente se colocam frente a frente a uma barreira, não deixando o aluno se expressar, dificultando a acessibilidade da procura para o esclarecimento de suas dúvidas e temores tanto no que se refere a actividades pedagógicas, quanto as suas dúvidas pessoais.
Segundo Belloti e Faria (2010), o diálogo entre o professor e o aluno, desafia o aluno a pensar e a criar, estabelecendo um parâmetro entre os conteúdos estudados e as experiências vividas. Ao se falar em ambientes de aprendizagem, ressalta-se a grande importância do engajamento de tais profissionais em trabalhar de maneira que se estimule a vontade de aprender de seus alunos. Entretanto, que esta forma de trabalhar não comprometa as responsabilidades de envolvimento dos alunos, no que se diz respeito ao conteúdo a ser aprendido.

De acordo com Pain (2009), haverá sempre educadores que lutam por experiências inovadoras e essas experiências ficam como modelos, como possibilidades de transformação. Dessa forma, é possível levar adiante o novo, um conteúdo actual, apresentando um ensino de qualidade para todos independentemente de classes sociais.

Actualmente existe uma limitação, pois para os menos favorecidos não se garantem uma igualdade. Existe uma diferenciação entre ricos e pobres, ou seja, os alunos que mais precisam de um estímulo, de um olhar diferenciado, que necessitam que se faça valer seus direitos, que se encontra em situações de extrema pobreza e negligência, onde somente a escola se faz um ambiente de socialização, aprendizagem e até mesmo de alimentação, ou seja, factores socioeconômicos, descritos pelos autores Pereira et al. (2005), dos quais os pais participam sem a perspectiva de uma mudança a curto prazo.
Segundo Tassoni (2000), experiências vividas em sala de aula ocorrem, entre os envolvimentos das pessoas, transformando-se um plano interpessoal, ou seja, externo. Através dessas experiências surge à mediação entre alunos e professores, (relação intrapessoal), um processo interno que passa a desenvolver autonomia no sujeito, fazendo parte de sua história individual. A autora assinala que no decorrer do desenvolvimento afectivo, uma relação entre o professor e aluno, assemelha-se como a relação entre mãe e filho, ou seja, assim como a mãe está sempre atenta aos comportamentos da criança por seu extinto materno, o educador também deve estar atento e cuidar do seu aluno.

Se o professor não dá a liberdade de expressão ao seu aluno, desta forma ele não o conhece, pois é somente dialogando que vai estar mais próximo. Mas, é preciso que esse diálogo seja compreendido pelos alunos de uma forma disciplinar, onde haja regras, respeito, tanto do docente para o discente e ou vice-versa. Essa relação se mostra, principalmente quando se envolve diferentes classes sociais. Como destaca Pain (2009);

Se o professor não pertence à mesma classe social do aluno, o preconceito pode aparecer, e nesse preconceito há um desejo que podemos expressar da seguinte forma: para que eu seja o que sou é preciso que o outro seja o que é.
É preciso uma reciprocidade, respeito ao aluno, e dele para com o professor, se transformando em troca de saberes. O educador precisa ser mediador, facilitando espaço de desafios, oferecendo às crianças a oportunidade para desenvolver suas capacidades e conquistar autonomia social e intelectual, tendo como eixo fundamental a ética, a justiça e os direitos humanos. Com isso, apresenta-se uma tarefa difícil de ser concluída, sobretudo aos percalços que as políticas educacionais e a organização produtiva nos impõem.

Mas, através de um olhar atento se pode mudar totalmente o foco da procura para grandes respostas no que diz respeito à aprendizagem. Uma postura incorreta, um lápis usado de maneira inadequada, a presença de sincinesias (contracções musculares involuntárias que ocorrem com o movimento voluntário de um grupo muscular diferente), o professor já deve ficar em alerta. Essa postura é essencial para que haja desenvolvimento das potencialidades próprias de cada criança. Ao demonstrar interesse pelo que a criança sabe fazer, de forma inovadora, com estímulos, desenvolvendo vínculos afetivos, buscando a causa e observando comportamentos e reações. Atitudes como estas, consideradas pontos fundamentais, fazem com que a criança volte para si mesma, aprendendo, se interiorizando, facilitando o desenvolver da sua inteligência. Com isso se estabelece um espaço de vivências e trocas, permitindo que a criança fale do seu mundo, através de gestos e brincadeiras, expressando suas fantasias e conflitos.

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