O
processo ensino aprendizagem só pode analisado como uma unidade. O ensino/aprendizagem são faces de uma
mesma moeda, nessa unidade, a relação professor/aluno é um factor determinante
para aprendizagem do aluno. Para tornar esse processo mais produtivo e
prazeroso o professor deverá orientar, propiciar e testar actividades adequadas
aos alunos inseridos em sala de aula. O professor deverá planejar actividades
que promovam entrosamentos mais produtivos entre as actividades aplicadas.
Partindo da teoria de Wallon (2003), o
desenvolvimento do sujeito se faz a partir da interacção com grandes variedades
de factores ambientais. O foco da teoria é uma relação complementar entre os factores
orgânicos e socioculturais.
A aprendizagem é o processo através do
qual a criança se apropria activamente do conteúdo da experiência humana,
daquilo que o seu grupo social conhece, e para que o sujeito o aprenda
necessitará interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos, e
com outras crianças mais maduras. Em geral o adulto ou outra criança fornece
ajuda directa à criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de
gestos e instruções verbais em situações interactivas. Na interacção
professor/aluno gradativamente a fala social trazida pelo professor vai sendo
internalizada pelo aluno e o seu comportamento passa a ser então, orientado por
uma fala interna que planeja sua acção. O papel do professor nesse processo é
fundamental, ele procura estruturar condições para ocorrência de interacções professor/aluno e objecto
de estudo que leve a apropriação do
conhecimento. Paralelo a
esses factores, podemos verificar como a criança chega ao adulto/professor), do
ponto de vista afectivo:
No primeiro estágio (0
a 1 ano),
impulsivo/emocional, a criança expressa sua afectividade através de movimentos
desordenados, respondendo à sensibilidades corporais, o processo
ensino/aprendizagem exige respostas corporais,
contactos físicos, daí a importância de se ligar ao professor.
No segundo estágio (1
a 3 anos),
sensório/motor, quando já dispõe da fala, a criança está voltada para o mundo
externo e para um contacto interno com os objectos e há a indagação insistente
do que são e como funcionam.
No terceiro estágio (3
a 6 anos)
há personalismo entre a criança e o outro. É a fase de se descobrir diferente
das outras crianças e adultos.
No quarto estágio (6
a 11 anos),
categorial, ela tem compreensão mais nítida de si mesma. A aprendizagem se faz
predominantemente pela descoberta de diferenças e semelhanças entre objectos
imagens e idéias.
No quinto estágio (11 anos em diante),
há exploração de si mesmo na busca de uma identidade autônoma, mediante actividade
de confronto, auto-afirmação e questionamentos. Neste estágio, o recurso
principal de aprendizagem, do ponto de vista afectivo, volta a ser a oposição,
que vai aprofundando e possibilitando a identificação das diferenças entre
idéias, sentimentos e valores próprios.
Mesmo reconhecendo a importância dos
factores emocionais e afectivos na aprendizagem, o objectivo da acção escolar
não é resolver dificuldades nesta área e sim, propiciar a aquisição e
reformulação dos conhecimentos elaborados por uma dada sociedade. Ainda que
atenta aos aspectos emocionais, não é função da escola promover ajustamento afectivo, saúde
mental ou mesmo a felicidade. Na verdade cabe à escola esforçar-se por
propiciar um ambiente estável e seguro, onde os alunos sintam-se bem, pois
nestas condições as actividades aplicadas são facilitadas.
Convém ressaltar que a afectividade e
a inteligência se estruturam nas acções dos indivíduos. O afecto pode, assim,
ser entendido como energia necessária para que a estrutura cognitiva possa
operar. Tanto a inteligência como a afectividade são mecanismos de adaptação
permitindo ao indivíduo construir noções sobre os objectos, as pessoas e
situações diversas, conferindo-lhes atributos, qualidades e valores. Assim,
contribuem para a construção do próprio sujeito, sua identidade e sua visão de
mundo.
Inês Maria Gómez-Chacón em seu artigo nos faz reflectir
quando,
Destaca
a importância dada à questão sempre presente dos afectos, que actualmente é assumida e aceita por professores cada
vez mais dispostos a reconhecer neles elementos de indiscutível valor e interesse no acompanhamento e
na avaliação do
processo ensino/aprendizagem.
(2004: 52).
Diante desta reflexão podemos afirmar
que é necessário que se perceba a
ligação entre cognição e afecto. Quando o professor consegue trabalhar com
essas dimensões ele pode interferir de maneira a conduzir positivamente as reacções
emocionais, favorecendo a formação e a solidificação de atitudes benéficas à
aprendizagem. Segundo Augusto Cury (2003:72) Ser um mestre inesquecível é
formar seres humanos que farão a diferença no mundo. Como podemos concluir, o tempo pode
passar e as dificuldades podem surgir, mas as sementes de um professor que
marca a vida de seu aluno jamais serão destruídas.
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