Desempenho escolar e a relação professor-aluno por meio do teste do par educativo

A afectividade se constitui como um factor de importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre os escolares e os demais objectos de conhecimento (áreas e conteúdos escolares), bem como na disposição dos mesmos diante das actividades propostas e desenvolvidas. "A afectividade está presente em todos os momentos ou etapas do trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor e não apenas, nas suas relações tête-à-tête com o aluno (Leite, 2006, p. 24).

A afectividade converte a relação professor-aluno em uma experiência de vida e de construção da individualidade de cada um dos elementos deste par. Com isso, permite a vivência de uma relação que é fundamentalmente social e criadora de vínculos, propiciando melhores condições de ensino, dinamizando o processo educativo. É como se, inicialmente, a criança e o professor ficassem lado a lado diante de uma ponte e a aprendizagem e a afectividade fossem dois dos principais factores que facilitam este percurso. Tal travessia ocorre com maior ou menor facilidade em função do tipo de vínculo estabelecido. Essa é a verdadeira essência do par educativo.
Um vínculo mais prazeroso propicia uma travessia mais facilitada. Se o professor é percebido como próximo e amistoso, sem elementos assustadores e persecutórios, a aprendizagem pode se processar de uma maneira mais motivadora, livre, profunda e ampla. Um professor apreendido como autoritário e rejeitador ou afectivamente distante pode estar relacionado a uma atitude menos positiva da criança com o aprender. Santos e Soares (2011, p.354) sinalizam com base em vários estudos, que a necessidade de mudanças da qualidade da relação professor-aluno de forma a torná-la dialógica e afectiva em proveito do desenvolvimento integral dos sujeitos. Tal transição precisa ser liderada pelos professores, por meio de um processo de mediação de aprendizagens significativas, tanto do ponto de vista cognitivo quanto atitudinal.
Desta forma, discutem como se tornam fundamentais a necessidade de mudança das representações dos professores em relação à função social da escola e as suas concepções sobre o papel do professor, do aluno, do ensino e da aprendizagem.
Na Psicologia e, em especial na área Escolar, não é mais possível separar o pensamento do afecto, associação imprescindível nos estudos sobre as questões na área. A ênfase anterior no saber, isto é, no conhecimento instituído do professor com a preocupação exclusiva no conteúdo a ser ensinado, agora se volta para como deve ser ensinado. Assim, o professor busca maneiras, procedimentos, recursos e palavras para poder estar na sala de aula com seus alunos. A afectividade estabelece um plano de acção que inclui a subjectividade no desenvolvimento dos projectos pedagógicos (Tassoni, 2000).
Amaral (2010) discorre sobre esta questão, sintetizando como os papéis do professor e do aluno estão interligados ou inter-relacionados. Com as novas experiências em sala de aula, o aluno pode ampliar os conhecimentos a partir das experiências vividas nesta relação, como resultado de uma participação activa.
As relações afectivas professor-aluno foram também pesquisadas por Mauco (1977), que constatou que a simpatia e a qualidade do professor foram as características mais apontadas pelos alunos, seguidas do interesse por eles e pelo trabalho que desenvolvem. O autor destacou que a disponibilidade afectiva do professor está relacionada com a qualidade de humor, a calma, a firmeza e segurança consideradas, no conjunto, primordiais para uma melhor motivação do aluno na classe.
Retomando a importância do estudo das percepções do aluno em relação aos objectos de conhecimento do cenário escolar, será destacada a utilização de instrumentos gráficos para esse objectivo. Ao desenhar, uma criança pode situar o par educativo na dimensão afectiva, retratando graficamente proximidade ou afastamento físico, ênfase ou não no detalhamento das figuras, por exemplo, proporcionando importantes conteúdos (Amaral, 2010).
Na Psicologia, a análise das produções gráficas é considerada como técnica projectiva e fornece informações sobre conflitos e fantasias relativos a aspectos que a pessoa examinada não tem conhecimento, não quer ou não pode revelar, ou seja, seus aspectos mais profundos e inconscientes. Os métodos projectivos possibilitam a avaliação tanto de áreas patológicas quanto sadias da personalidade, em que o mundo interno da pessoa é retratado e seu equilíbrio e os recursos para lidar com conflitos são revelados (Machover, 1949; Cunha, Freitas e Raymundo, 1993; Masling, 1997). Assim, as técnicas projectivas se tornam um recurso particularmente adequado na medida em que as pessoas se revelam sem ter consciência do que estão expondo e livres das amarras da censura crítica.
As crianças, particularmente, podem expressar em seus desenhos o que não conseguiriam verbalizar, independente do quanto estejam conscientes das emoções que as afligem (Hammer, 1991). Transposta essa possibilidade para o vínculo educativo, pode-se ter acesso às percepções que têm de si e do professor nessa dimensão relacional, bem como da própria aprendizagem.



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